Motoqueiro Fantasma

Após o fracasso de bilheteria que foi o filme Batman e Robin (lançado em 1997), Hollywood desistiu de adaptar heróis de histórias em quadrinhos para ao cinema. Acreditava-se que o público dominante nas salas de cinema, os jovens, não se interessavam em ver, nos cinemas, heróis dos quadrinhos.
Mas no ano de 2000, a FOX resolveu arriscar e lançou: X MEN – O Filme, inspirado no famoso grupo de mutantes, vindo dos quadrinhos, liderados por Wolverine. O resultado? Um inesperado sucesso de bilheteria e que abriu as portas para uma verdadeira enxurrada de heróis no cinema. Heróis como: Homem Aranha, Hulk, Blade, Hellboy, Batman, Quarteto Fantástico, Demolidor, Mulher Gato e Superman tiveram suas histórias transpostas para o cinema. Mas faltava mais um: o motoqueiro fantasma. Existe uma explicação para ele ter sido o último? Sim. Os donos da Marvel, que detêm os direitos do personagem, não acreditavam que a história do motoqueiro fantasma fosse resultar em um bom filme. O lançamento do filme foi constantemente adiado e o diretor e o roteirista ,originalmente contratados para fazer esse filme, pediram demissão. Tudo isso é perfeitamente compreensível ,já que esse filme é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos piores filmes de super herói já feitos.
O filme conta a história de jovem Johnny Blaze, um artista de circo, que se aventura com números perigosos envolvendo sua moto. No entanto, certo dia, Johnny descobre que seu pai tem câncer. Ainda em estado de choque ao saber da notícia, Blaze recebe a visita do diabo, que lhe propõe um pacto: o diabo salvaria a vida do pai de Blaze, se o mesmo aceitar vender sua alma ao diabo e assim se tornando seu eterno “empregado”. Johnny Blaze, a contragosto, aceita o pacto.
O tempo passa, e Johnny Blaze se torna um grande recordista de saltos com moto (agora o personagem é interpretado por Nicolas Cage). O seu trabalho é realizar números perigosíssimos e que sempre coloca a sua vida em risco. Esses números fazem dele uma celebridade e conhecido por todos. No entanto, certo dia, o diabo reaparece e o obriga, já que tinha feito o pacto, a obedecer a uma ordem: encontrar e matar um homem chamado Coração Negro. Para conseguir completar essa tarefa, Blaze ganha poderes envolvendo o fogo.
A idéia de ver uma pessoa em chamas andando de moto por uma cidade, pode até soar interessante ou até, visualmente, curiosa. Mas, o diretor e o roteirista desse filme, não a utilizam de forma adequada o que acaba resultando em um filme grotesco, sem o menor sentido lógico e pior, que insulta a inteligência do espectador ,já que julga que o mesmo irá se satisfazer com um filme tão deficiente.
A trama, se é que existe uma, é recheada de clichês. Situações batidas aparecem a cada cinco minutos, o que acaba irritando o espectador. Note, por exemplo, a insistência de inserir no filme, quase que inteiro, relâmpagos nos momentos chaves, para assim tentar aumentar o impacto dos fatos.
Mas, entende-se que Motoqueiro Fantasma seja um filme feito para divertir ,e não há como esperar dele um grande valor artístico, apenas boas cenas de ação e com bons efeitos especiais. No entanto, nem divertir o filme consegue. As cenas de ação são fraquíssima, cafonas e exageradas ao extremo. Mas, deve-se dizer, que os efeitos, apesar de mal usados, são muito convincentes.
Mas existe algo que salva o filme do desastre completo: Nicolas Cage. O ator, criticado por ser inexpressivo em suas interpretações, consegue fazer quase o impossível: transformar Johnny Blaze em um personagem interessante. O seu carisma e o seu sarcasmo são, sem dúvida, o ponto alto do filme. No entanto, o romance do personagem com Roxanne (interpretada por Eva Mendes) não convence. Suspeito até que o romance foi criado apenas para satisfazer o público femino, que certamente não se interessa muito por motos pegando fogo.
É uma pena que ao meio de tantas adaptações de histórias em quadrinhos interessantes, tenha que haver filmes como Motoqueiro Fantasma. Tomara que Homem Aranha 3, que será lançado em Maio, consiga me fazer esquecer desse motoqueiro.